HELDER CALDEIRA*
A presidente Dilma Rousseff vem cumprindo, com maestria, a cartilha petista de poder absoluto sedimentado em ações populistas disfarçadas de supostos investimentos e atitudes republicano-socialescas. Na melhor das acepções cunhadas pela crepuscular e brilhante escritora norte-americana Stephenie Meyer, a primeira "presidenta" tenta estabelecer e consolidar uma espécie de "imprinting dilmístico" com a sociedade brasileira.
Dilma endureceu o discurso contra o sindicalismo, mal acostumado com os carinhos esquizoides do ex-presidente Lula da Silva; alimentou a temerária indústria do crédito fácil, que faz dinheiro circular no mercado e endivida até o pescoço a tal "nova" classe média; fingiu atos de "faxineira política" em um ministério (Transportes) e numa estatal (Petrobras) para apaziguar os ânimos da opinião pública após ser obrigada a defenestrar, em apenas um ano, seis ministros alvos das mais graves acusações; vem batendo forte na tecla de que não estamos revivendo as tão condenadas privatizações tucanas, que agora foram renomeadas para "sábias e equilibradas" concessões petistas; e tantas outras duvidosas ações.
eus dois últimos movimentos são bastante emblemáticos e, no submundo da politicagem, revelam os tentáculos petistas a lhe coroar: concluiu sua terceira indicação ao Supremo Tribunal Federal de ministros com boa reputação técnico-jurídica nos tribunais, conduzindo o magistrado catarinense Teori Zavascki na sequência de Luiz Fux e Rosa Weber; e utilizou o tradicional pronunciamento oficial em cadeia de rádio e TV, por ocasião do Dia da Independência, para anunciar uma medida populista e, finalmente, mergulhar na jornada de sua agremiação nas Eleições 2012.
No que tange às indicações ao STF, estão equivocados os analistas incautos que se anteciparam a garantir que a presidente está combatendo o aparelhamento político da Suprema Corte, algo bastante comum na gestão de seu padrinho antecessor e dileto candidato à sucessão. Dilma apenas acalmou o cenário após a indicação lulista duvidosa do ministro Dias Toffoli. Fez três indicações técnicas e de juristas discretos para, nas próximas duas nomeações, escalar petistas de carteirinha: o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams; e o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Já há unissonância institucional entre as "autoridades" quanto tais indicações para as vagas disponibilizadas ainda em 2012, com a aposentadoria dos togados Carlos Ayres Britto (em outubro/novembro) e Celso de Melo (em dezembro). O aparelhamento político seguirá tranquila e sistematicamente.
No cenário eleitoral, Dilma finalmente entra em campo, no final do "primeiro tempo", para tentar garantir um melhor posicionamento do time petista. Até agora, dentre as capitais, o PT só tem bom desempenho consolidado em Goiânia. A presidente precisa reforçar campanhas tidas como "chaves", a exemplo de Belo Horizonte e Recife. Isso sem falar no empurrão estratégico à campanha do apadrinhado lulista Fernando Haddad em São Paulo, aproveitando a escalada avassaladora de Celso Russomanno (PRB) e o derretimento da arrogante candidatura do tucano José Serra (PSDB).
Para tanto, depois do "oportuno" anúncio em pronunciamento oficial, lançou nesta terça-feira, 11 de setembro, um histórico pacote com fortes reduções nas tarifas de energia elétrica a partir de 2013, perfazendo 16,2% para consumidores residenciais e entre 19% e 28% para as empresas e indústrias, variando conforme o porte. Para compensar a renúncia fiscal que permitirá tal redução de tarifas nas contas, o governo federal será obrigado a aportar recursos públicos da União num total de R$ 3,3 bilhões. A desculpa para a desoneração é que ela ajudará o país a "continuar crescendo" em meio à crise econômica que varre o planeta. Será mesmo?! Cheira mais a politicagem oportunista, populismo barato, oásis ilusórios a engambelar o povo.
Por óbvio, Dilma Rousseff, ao contrário do que muitos gostariam, parece bem mais sagaz que Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso juntos! Vestindo a fantasia de durona, vem conseguindo estrategicamente colecionar lucros políticos e aprovação popular, sem deixar evidentes seus movimentos politiqueiros. Ao que tudo indica, o "imprinting dilmístico" vingará.
*Escritor, Jornalista a Apresentador de TV
www.ipolitica.com.br - helder@heldercaldeira.com.br
Autor do best-seller "A 1ª PRESIDENTA" (Editora Faces, 2011, 240 páginas) e Jornalista e Comentarista Político da REDE RECORD, onde apresenta o "iPOLÍTICA". Acaba de lançar seu primeiro romance de ficção: "ÁGUAS TURVAS" (Editora Faces, 2012, 278 páginas).
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