Adolescente negro tem quase três vezes mais risco de ser assassinado do que branco. O risco de ser assassinado no Brasil é 2,6 vezes maior entre adolescentes negros do que entre brancos. É o que revela estudo divulgado hoje (21) pelo Observatório de Favelas, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Brasilia - O professor da Uerj Ignácio
Cano, a representante do
Observatório de Favelas Raquel
Willadino, o representante do Unicef
Manoel Bivunich, durante o lançamento do Índice de Homicídios na Adolescência
Adolescente negro tem quase três vezes mais risco de ser assassinado do que branco
O risco de ser assassinado no Brasil é 2,6 vezes maior entre adolescentes negros do que entre brancos. É o que revela estudo divulgado hoje (21) pelo Observatório de Favelas, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
A pesquisa também indica que, para adolescentes do sexo masculino, o risco de ser assassinado é 11,9 vezes maior se comparado ao de mulheres na faixa de 12 a 18 anos. O estudo traz apenas comparativos por cor e gênero e não apresenta os índices de mortes entre jovens negros, brancos, do sexo masculino e feminino.
A coordenadora do Programa de Redução da Violência Letal do Observatório de Favelas, Raquel Willadino, traçou um perfil dos adolescentes que mais morrem por homicídio no Brasil: são meninos, negros e moradores de favelas ou de periferias dos centros urbanos. Segundo ela, há ainda forte relação com o tráfico de drogas.
Foz do Iguaçu concentra maior índice de jovens vítimas de assassinato
Dados do Índice de Homicídios na Adolescência mostram que em Foz do Iguaçu, no Paraná, cerca de dez jovens entre mil adolescentes são vítima de assassinato.
Em seguida, vêm Governador Valadares, em Minas Gerais, com 8,5, e Cariacica, no Espírito Santo, com 7,3. O estudo avaliou 267 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
O Observatório de Favelas, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) divulgam o índice desenvolvido no âmbito do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL)
Maceió é a capital brasileira com maior índice de jovens assassinados
A cidade de Maceió é a capital brasileira com a maior média de adolescentes assassinados, de acordo com dados do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). Na capital alagoana, 6,03 jovens morrem em cada grupo de mil adolescentes com idade entre 12 e 18 anos. Em seguida, vêm Recife, com 6, e o Rio de Janeiro, com 4,9.
Os índices fazem parte de estudo divulgado hoje (21) pelo Observatório de Favelas, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Capitais como Vitória, Belo Horizonte e Porto Velho também estão na lista de cidades que apresentam, segundo o estudo, "níveis consideráveis de vitimização de jovens". Nesses municípios, em torno de quatro adolescentes em cada mil morrem por causa da violência.
A estimativa é de que, apenas no Rio de Janeiro, 3.423 adolescentes sejam assassinados entre 2006 e 2012. As capitais devem concentrar 15.715 das mais de 33 mil mortes estimadas para o período nas cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes.
Estimativa de 13 assassinatos diários de jovens de 2006 a 2012 causa surpresa, diz subsecretária
Ao comentar os dados de pesquisa divulgada hoje (21) sobre violência contra adolescentes, a subsecretária dos Direitos da Criança e do Adolescente da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Carmen Oliveira, afirmou que a estimativa de mais de 33 mil assassinatos entre jovens de 12 a 18 anos no período de 2006 a 2012 causou "surpresa".
"Isso significa que teremos 13 mortes diárias por assassinatos de adolescentes. Considerando a preocupação brasileira com a gripe suína, em que cada morte é contabilizada dia a dia, é importante que a sociedade tenha a mesma indignação e preocupação com essas vidas perdidas na adolescência", disse.
Segundo a subsecretária, a SEDH fez esta semana uma espécie de "pactuação" com gestores municipais e estaduais - sobretudo dos municípios com os maiores índices de assassinato na adolescência - para organizar ações conjuntas, diagnósticos locais e enfrentamento integrado do problema. Ela reconheceu a "ineficiência" e a "insuficiência" de políticas públicas, inclusive diante de situações como a evasão escolar. Com isso, lembrou Carmen, o adolescente acaba indo para a rua e encontrando na criminalidade uma fonte de sobrevivência.
Segundo o professor Inácio Cano, membro do Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o Brasil é um dos países mais violentos da América Latina, atrás apenas de El Salvador e da Venezuela. "Isso levando em consideração que a América Latina já é uma das regiões mais violentas do mundo."
Ele avaliou que no país há um "problema central"de violência letal. Para Cano, as políticas públicas brasileiras estão voltadas para a violência contra o patrimônio quando deveriam priorizar a violência contra a vida.
"Está na hora de o Brasil mudar suas prioridades", disse, ao ressaltar que a probabilidade de um adolescente brasileiro ser vítima de arma de fogo chega a ser três vezes maior do que a de ser assassinado de outra forma. "A arma de fogo tem que ser sempre foco em qualquer política de prevenção."
Na avaliação do representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil, Manuel Buvinich, 60% dos ganhos que o país alcançou com a redução da mortalidade entre crianças de até 5 anos "se perdem" diante dos altos índices de assassinato de adolescentes. "Ficamos muito preocupados com o fato de a violência letal começar tão cedo, aos 12 anos."
Sudeste concentra maioria dos municípios com altos Índices de Homicídios na Adolescência
A Região Sudeste do país concentra a maioria dos municípios com altos Índices de Homicídios na Adolescência (IHA). Os locais onde há maior concentração de homicídios entre os jovens a região metropoliatana de Belo Horizonte (MG), com quatro mortes em cada grupo de mil, o entorno de Vitória (ES), com 4,3 mortes, e a região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ), com 4,9.
Na Região Norte, o município de Marabá (PA) registra a situação considerada "mais grave" pela pesquisa em termos de vidas perdidas na adolescência, com o IHA de 5,2 mortes em cada grupo de mil. A cidade foi a única da região a registrar média superior a cinco. Macapá (AP) e Porto Velho (RO) ficaram com valores entre três e cinco jovens assassinados.
No Nordeste brasileiro existem "pequenos conglomerados" de municípios com alta incidência de violência contra adolescentes. A cidade de Petrolina (PE) registrou índices acima de três mortes para cada mil, junto a Ilhéus (BA) e João Pessoa (PB).
Na Região Centro-Oeste, Luziânia (GO) apresentou o maior valor em meio aos índices registrados: 5,4 adolescentes assassinados. A maioria dos demais municípios, de acordo com o estudo, possui baixos níveis de IHA. Mesmo em capitais como Goiânia (GO), Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT), a média fica entre um e três.
No Sul, todas as regiões que se destacam por conta dos altos índices e violência contra adolescentes ficam no estado do Paraná: Região Metropoliatana de Curitiba, norte central e oeste paranaense, já próximo à fronteira. O recorde não apenas da região mas de todo o país ficou com a cidade de Foz do Iguaçu, onde 9,7 adolescentes são assassinados em cada grupo de mil.
Os dados constam de estudo divulgado hoje (21) pelo Observatório de Favelas, pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Laboratório de Análise da Violência da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Paula Laboissière é repórter da Agência Brasil
«PRAVDA.Ru».
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