terça-feira, março 22, 2011

Brasil presta homenagem à maior opositora do Irã

Brasil: Aproximação com os EUA

13.03.2011 08:56

Para abrir caminho de aproximação com Estados Unidos, Brasil presta homenagem à maior opositora do Irã

Por ANTONIO CARLOS LACERDA

Correspondente Internacional

14728.jpegGENEBRA/SUIÇA (PRAVDA.RU) - Ao abrir as portas da sua diplomacia para homenagear a mais ferrenha opositora de Mahmoud Ahmadinejad, o Brasil inicia o afastamento do Irã, um dos pré-requesitos para consolidar uma aproximação com os Estados Unidos, cujo presidente, Barack Obama, será recebido pela presidente Dilma Rousseff, em Brasília, ainda este mês.

O governo do Irã se irritou terça-feira (08/03/2011) ao saber que em Genebra, na Suiça, a iraniana Shirin Ebadi, Prêmio Nobel da Paz, refugiada na Europa, foi recebida pela diplomacia brasileira em almoço com embaixadores de vários países, entre eles Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e Alemanha.

O governo iraniano não escondeu sua irritação e interpretou a atitude da missão diplomática brasileira junto à ONU como um "recado claro" de que a homenagem a Shirin Ebadi foi o sinal de que o governo da presidente Dilma Rousseff colocou fim à Lua de Mel que existiu entre o Brasil e o Irã nos oito anos de mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Se a comunidade internacional não agir, o Irã em breve se transformará numa nova Líbia", afirmou Ebadi durante o almoço, na presença de embaixadores de vários países e outros que defendem uma posição mais dura contra o Irã.

Ebadi pediu que o Brasil e os Estados Unidos adotem sanções políticas contra membros do governo iraniano, como a negação de vistos para políticos e congelamento de ativos dessas pessoas envolvidas na repressão.

"O Brasil começa a se redimir do fato de ter apoiado tantos ditadores nos últimos anos", disse a iraniana Shirin Ebadi, que vê uma guinada na posição do País após o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas espera "que o discurso por direitos humanos não seja apenas estratégia política".

O fato de ter sido recebida em almoço oferecido pela diplomacia brasileira em Genebra, Shirin Ebadi disse o evento foi algo que ela mesma disse que acreditava ser "impensável" durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A iraniana Shirin Ebadi pediu que o Brasil não use uma nova retórica de direitos humanos apenas "como mais uma estratégia política" e que, desta vez, seja coerente com o estado democrático que representa.

Questionada por jornalistas se considera o convite para almoço com a diplomacia brasileira uma mudança na posição do Brasil em direitos humanos, Shirin Ebadi respondeu: "Vou contar uma coisa. Há poucos anos, quando o presidente Lula visitou o Irã, grupos de oposição pediram para se reunir com ele. Havia inclusive um sindicalista preso e que teve seu grupo de apoio procurando a delegação brasileira. Afinal, tanto Lula como a vítima da opressão eram sindicalistas. Mas Lula decepcionou todo o povo iraniano. Desembarcou em Teerã, apertou a mão de Ahmadinejad, comemorou vitória e deixou o povo nas mãos de um dos regimes mais brutais do mundo hoje. Portanto, acho que eu ser recebida pelo governo brasileiro é sim um grande passo e na direção certa".

ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU. E-mail:- jornalistadobrasil@hotmail.com

Timothy Bancroft-Hinchey

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