terça-feira, junho 16, 2009

Investigadores desvendam sistema de orientação dos pombos .


Cientistas do Centro de Biologia Ambiental, uma unidade de investigação da Universidade de Lisboa, mostraram que os pombos, afinal, não utilizam os odores naturais para construir um ‘mapa olfactivo’ que lhes permite navegar e regressar, nomeadamente, ao local de onde partiram.

orientacao_pombos

Muitas espécies de aves fazem grandes percursos sem perder a capacidade de encontrar o caminho de regresso “a casa”. Este comportamento, designado por “homing”, é particularmente espectacular nos pombos, que conseguem percorrer centenas de quilómetros e ainda assim voltar ao lugar de onde partiram.

A crença no mapa olfactivo tem-se baseado em experiências que comparam a capacidade de regressar a casa em aves expostas a odores naturais e não expostas. Dado que os pombos expostos a odores naturais demonstram uma maior capacidade de regressar ao local de partida do que os que o não foram, concluiu-se que este comportamento utiliza essencialmente a informação providenciada pelo mapa olfactivo.

Paulo Jorge e co-autores mostraram que o papel dos odores é, na realidade, muito mais subtil do que se pensava. A conclusão destes cientistas baseia-se numa experiência extremamente simples e elegante realizada na estação de campo do CBA (Herdade da Ribeira Abaixo, no concelho de Grândola). Nesta experiência, em paralelo com o esquema tradicional, os cientistas expuseram pombos jovens (inexperientes) a odores totalmente novos, que não transmitem qualquer tipo de informação sobre localização espacial, ao contrário dos odores naturais. Para grande surpresa deles, e da comunidade científica em geral, estes pombos foram capazes de regressar ao local de partida tão bem quanto aqueles que tinham sido expostos a odores naturais. Este resultado demonstra que o papel dos odores não é a construção de um mapa olfactivo. Em vez disso, os odores parecem activar nestes pombos um sistema de integração, o qual não se baseia em pistas olfactivas.

Esta descoberta foi publicada em 28 de Abril na revista Current Biology, por Paulo Jorge e Alice Marques, do CBA, em colaboração com John Phillips, da Virginia Tech, com o título “Activational rather than navigational effects of odors on homing of young pigeons”.

O presente trabalho, alicerçado numa experiência simples mas muito engenhosa, prova que é possível abalar crenças estabelecidas há várias décadas, no seio da comunidade científica e fora dela, e perspectiva novas direcções na investigação deste fantástico comportamento.

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