Silvio Berlusconi, o polêmico garanhão que escandalizou a moralista Itália
16.11.2011 02:04
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
ROMA/ITALIA - Político, magnata, bilionário, sedutor, conquistador, garanhão vaidoso, dom Juan e louco por mulheres - de preferência as menores de idade - Silvio Berlusconi conseguiu a façanha de ser o homem que por mais tempo comandou o governo italiano em cerca de 60 anos. Após renunciar ao cargo de primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi marcou o fim de uma era de escândalos sexuais que movimentaram a imprensa de fofoca e intrigas nos últimos anos.
Dono de uma fortuna de US$ 9 bilhões (R$ 14,9 bilhões) segundo a revista americana Forbes, o empresário de 78 anos é dono de um conglomerado que congrega desde canais de televisão a empresas de construção civil.
No entanto, desde que Berlusconi voltou ao poder para seu terceiro mandato, em 2008, a economia italiana está em crescente tensão, com uma dívida nacional de 1,9 trilhões de euros (R$ 4,5 trilhões).
Seu governo foi considerado lento em implementar medidas de austeridade em resposta à crise e seu envolvimento em escândalos sexuais e de corrupção foram vistos como distrações inoportunas em um momento crítico.
O talento empresarial de Berlusconi - evidente em um império que se estende pelas áreas de mídia, publicidade, seguros, alimentação e construção - se tornou prova suficiente para muitos italianos de que ele era apto para governar o país.
Berlusconi também é dono de um dos clubes de futebol mais bem sucedidos da Itália, o Milan, e sua empresa de investimentos controla três das maiores redes de TV privadas do país. Como primeiro-ministro, ele tinha ainda o poder de nomear os chefes dos três canais públicos da rede RAI.
Durante seu governo, Berlusconi conseguiu driblar uma série de escândalos sexuais, políticos e de corrupção, mas o fluxo constante de acusações contra ele fez com que muitos aliados e amigos se afastassem.
Sua segunda mulher, Verônica Lário, pediu divórcio em maio de 2009 e disse a um jornal que ela não poderia ficar com um homem que 'se envolve com menores'.
Em novembro de 2010, seu ex-aliado político Gianfranco Fini pediu que ele renunciasse, quando surgiram revelações sobre uma dançarina marroquina adolescente chamada Ruby.
Natural de Milão, Berlusconi sempre disse que estava sendo perseguido pelas autoridades da cidade. Ele foi acusado de desvio de verbas, de fraude fiscal e contábil e de tentativa de subornar um juiz, mas negou ter cometido qualquer crime e nunca foi condenado de forma definitiva.
Vários destes casos foram a julgamento. Em alguns deles, Berlusconi foi absolvido e em outros, foi condenado, mas o veredicto foi derrubado com recursos. Outras vezes, limitações legais fizeram com que os casos fossem abandonados.
Em 2009, Berlusconi estimou que em 20 anos ele havia comparecido 2,5 mil vezes a cortes, em 106 julgamentos, com um custo legal de 200 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões).
Seu governo aprovou reformas que alteravam a definição legal de fraude, mas parte de uma lei de 2010 que dava a ele e a outros ministros imunidade temporária foi derrubada pela Corte Constitucional da Itália, que deixou a decisão final a cargo dos juízes. Silvio Berlusconi começou sua carreira vendendo aspiradores de pó, e trabalhou como cantor em clubes e cruzeiros.
As festas e os escândalos sexuais envolvendo o nome de Berlusconi já eram assunto do dia-a-dia na imprensa quando em outubro de 2010 veio à tona o seu envolvimento com uma jovem marroquina de 17 anos, Karima 'Ruby' El Mahroug, que confessou ter participado de festas com outras mulheres na casa do então primeiro-ministro italiano. O caso foi parar na Justiça, já que Ruby era menor de idade durante o suposto envolvimento.
O envolvimento com uma outra garota, a modelo Noemi Letizia, então com 18 anos, foi a razão alegada pela ex-esposa de Belusconi, Veronica Lario, para pedir o divórcio do casal. Antes disso, mulheres com os seios à mostra e um homem nu foram fotografados no jardim da casa de veraneio de Berlusconi na Sardenha. Um dos convidados chegou ao local a bordo de um carro oficial. Berlusconi sempre respondeu as acusações dizendo que 'não era santo'. Ele negou, no entanto, ter pago prostitutas.
Vaidoso, Berlusconi sempre apareceu em público com os cabelos bem arrumados, aparentemente tingidos. Em dezembro de 2009, no entanto, a fotografia que ganhou a imprensa foi a de um primeiro-ministro ensanguentado, após ser atacado por um homem em Milão, que atirou um objeto metálico contra o primeiro-ministro.
Silvio Berlusconi renunciou ao cargo de homem mais poderoso da Itália mas seu nome jamais será esquecido ao se falar na história do país, principalmente pelo escândalos sobre sexo com mulheres, preferencialmente menores de idade.
ANTONIO CARLOS LACERDA é correspondente internacional do PRAVDA.Ru
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