Josué, duas vezes indicado para o Nobel da Paz, condecorado com a Legião de Honra pelo governo da França e com o Prêmio Franklin Roosevelt da Academia de Ciências dos Estados Unidos, foi presidente do Conselho da FAO, o organismo da ONU para a agricultura e alimentação, além de embaixador do Brasil junto às Nações Unidas.
"Só há um tipo verdadeiro de desenvolvimento:
desenvolvimento do homem".
(Josué de Castro)
Há exatos 65 anos um dos maiores brasileiros de todos os tempos lançou livro que continua atualíssimo: a "Geografia da fome". Na obra, que logo se tornaria um clássico das ciências sociais, sendo traduzida em dezenas de países e diversos idiomas, o genial cientista, médico, escritor, geógrafo, político e diplomata Josué de Castro estarreceu o Brasil e abriu os olhos dos brasileiros ao retratar a fundo as condições de miserabilidade em que vivia a esmagadora maioria de nossa gente. Pela primeira vez, de forma irrespondível e com embasamento científico após as viagens de estudo empreendidas por Josué em todas as regiões, o Brasil se mirou no espelho. E não gostou do que viu: a fome grassando, endemias crônicas, carências nutricionais recorrentes, mortalidade infantil assustadora, péssima distribuição de renda, uma estrutura social injusta e uma elite dirigente descomprometida.
Josué, duas vezes indicado para o Nobel da Paz, condecorado com a Legião de Honra pelo governo da França e com o Prêmio Franklin Roosevelt da Academia de Ciências dos Estados Unidos, foi presidente do Conselho da FAO, o organismo da ONU para a agricultura e alimentação, além de embaixador do Brasil junto às Nações Unidas. Cassado pelo golpe de 64, lecionou nas principais universidades européias e tornou-se um conferencista que atraia milhares de ouvintes às suas palestras mundo afora. Devemos a esse grande brasileiro, à sua coragem e talento, a compreensão de que não é possível que o Brasil seja rico se o seu povo for pobre.
Em apenas oito anos o governo do presidente Lula atingiu metas estabelecidas pela ONU para os próximos 25 anos na erradicação da pobreza e no combate à miséria. Foram quase 51% do total de brasileiros pobres que deixaram tal condição e adentraram a classe média. São, simplesmente, mais de 30 milhões de homens e mulheres, de norte a sul, vivendo com dignidade, consumindo mais, se alimentando melhor, exercendo plenamente a cidadania. É a inclusão social.
A presidenta Dilma lança um novo desafio a todos os brasileiros: acabar com a miséria, lutar uma luta sem tréguas, uma batalha sem quartel, contra o estado de indigência social e econômica, contra o abandono e a fome que ainda atormentam milhões de irmãos nossos em todas as regiões. Dilma, assessorada pela ministra Teresa Campelo, quer aliar a luta contra a miséria à geração de mais empregos, de novas oportunidades, gerando um ciclo virtuoso em nossa vida econômica e social.
Grandes nações passaram por momentos dificílimos em suas vidas. Processos inflacionários ou recessivos, convulsões sociais ou conflitos armados, toda sorte de acontecimentos que marcaram, a seu tempo e de forma dramática, a existência de países que hoje figuram entre os mais ricos e desenvolvidos. Em todos eles, sem exceção, vigorosos programas sociais foram implementados a partir da ação de seus governos com a participação ativa da sociedade civil. Foi assim nos Estados unidos, após a brutal quebra de 1929, com a atuação do governo de Roosevelt, no "New Deal", soerguendo um país arruinado, com milhões de miseráveis e legiões de famintos, para levá-lo novamente ao caminho da recuperação social e da prosperidade econômica.
Os governos não devem e nem jamais podem renunciar à missão de promover o bem-estar da parcela majoritariamente desprotegida da sociedade, dotando-a de mecanismos de superação de suas dificuldades de sobrevivência, notadamente na alimentação, educação e saúde. Acreditar no auxílio da iniciativa privada, tão somente, ou que a base da pirâmide social possa se recuperar ou vencer o atraso e a pobreza, sem o poder público, sua reconhecida capacidade de mobilização e a logística da máquina estatal, é um equívoco.
A mão invisível do mercado gira as economias e desenvolve os países, mas é a mão visível do Estado que prioriza o social e impede que a população seja tratada como uma massa sem alma, de forma desrespeitosa e desumana, como aconteceu na década infame do governo dos tucanos, quando dezenas de milhões de brasileiros experimentaram os piores anos de suas vidas, abandonados pelos poderes públicos, tratados com desdém, deboche e desrespeito.
Tão importante quando a imensa mobilidade social havida no governo do presidente Lula, com os mais de 30 milhões de brasileiros tirados da pobreza e elevados à classe média e de consumo, é a firme decisão política do governo da presidenta Dilma, as ações concretas que está tomando e o apoio que ela vem recebendo de toda sociedade: o Brasil vai erradicar a miséria.
Não é um discurso, tão somente. É um conjunto de ações consistentes e sustentáveis, que passa pela tomada de consciência de que nosso país não será rico enquanto houver um único brasileiro vivendo abaixo da linha da pobreza; de que é necessário combater a miséria em todas as frentes, em todas as suas manifestações, diuturnamente e com firme convicção de que é possível vencer essa chaga que a todos nos atormenta e entristece.
O alerta do Mestre Josué de Castro, a ação vitoriosa do Estadista Lula, a firme decisão da presidente Dilma e o sucesso dos programas sociais já realizados nos últimos oitos anos, nos mostram o caminho e nos dão a certeza de que o Brasil irá derrotar a miséria.
(*) Delúbio Soares é professor
Timothy Bancroft-Hinchey
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